Islamismo

    O Islamismo é uma religião baseada nos ensinamentos religiosos do profeta Muhammad (Maomé) e numa escritura sagrada, o Alcorão. A mensagem do islão caracteriza-se por sua simplicidade: para atingir a salvação basta acreditar num único Deus, rezar cinco vezes por dia, pagar dádivas rituais, submeter-se ao jejum anual no mês do Ramadão e efetuar, se possível, uma peregrinação à cidade de Meca.
   No Islão não existe uma Igreja constituída, nem uma estrutura clerical, nem sacerdotes destinados aos serviços litúrgicos, mas existe, contudo um grupo de pessoas reconhecido pelo seu conhecimento da religião e da lei islâmica, os ulemás.    
    Os ensinamentos de Allah estão contidos no Alcorão. Os mulçumanos acreditam que Muhammad recebeu estes ensinamentos de Allah por intermédio do anjo Gabriel. O Alcorão é o centro da fé islâmica; nele, além dos ensinamentos propriamente religiosos, encontram-se também regras relacionadas com aspectos da vida diária dos crentes. Toda a existência de um mulçumano, tanto no seu aspecto religioso, como no social e político está relacionado, e é orientado pelo Alcorão. 

Os diversos ramos do Islão
    Após a morte de Maomé, coube aos seus seguidores reunidos em assembléias escolherem seus sucessores: o primeiro a ser escolhido foi Abu-Bakr, depois Omar, a seguir Otemão que foi assassinado por um exaltado opositor.
    O quarto sucessor de Maomé foi Ali, que enfrentou muitas dificuldades, sendo a principal com referência a punição a ser dada ao assassino de seu antecessor. Tendo a divergência entre dois partidos contrários, quanto a solução a ser dada para esta delicada questão, acabou-se transformando em guerra. Para que a paz fosse restabelecida recorreu-se em 658 a uma arbitragem que redundou na designação de Mu`áwiya como califa.
     Esta data de 658 é decisiva.
     Alguns muçulmanos, os sunitas, consideraram que a arbitragem aceita por Ali resolvia o problema jurídico. Outros, os xiitas, pensaram que a arbitragem não podia por em causa os direitos de Ali à sucessão. Outros, os kharejitas, consideraram que Ali fizera mal em aceitar a arbitragem e rejeitavam o seu califado.
     A separação em três ramos que se efetuou por ocasião do grande cisma está na origem da atual repartição geográfica dos mulçumanos: sunitas (90%), xiitas (9,8%) e kharejitas (0,2%).  Destes três ramos principais derivam muitos outros que hoje estão representados em diferentes regiões do mundo.
     Quatro escolas sunitas englobam por si sós 90 % dos mulçumanos. Predomina no Egito, no Maghrebe, Turquia, África Ocidental, na Malásia, nas Filipinas, no Cáucaso, na Ásia Central, no Iêmen, na Palestina, na Arábia Saudita e no Qatar.
     Os kharejitas são legitimistas, conservadores e rigoristas, atualmente com cerca de dois milhões, são maioria no Omã e povoam na Argélia os oásis do Mzab e uma parte da ilha tunisiana de Jerba.
     Os xiitas dividiram-se em diferentes ramos que têm em comum, alem das crenças nos ensinamentos de Maomé e do Alcorão, reconhecem a necessidade da comunidade mulçumana de ter um imã vivo, único qualificado para dizer o que é reto, quer interpretando as escrituras, quer, até em assuntos diversos, consoante os ramos do xiismo, completando o magistério. Todas as escolas reconhecem que a descendência de Ali é qualificada para exercer esse magistério.
     Uma doutrina que iria cavar mais fundo o fosso que separa sunitas e xiitas é aquela do imã oculto; segundo a qual o último imã não morreu, mas, regressará no fim dos tempos.
Culto: Os cinco pilares do Islão
        O Islão desconhece os sacramentos, assim em sua profissão de Fé é permitido que cada um imagine a Deus como creia ser conveniente, desde que mantenha sua unidade. Porém, encontra-se obrigado a cumprir os mandamentos da lei divina acerca da regulamentação da prática religiosa.
        As cinco colunas da Fé são estas:
  1. – A profissão de Fé (shahada).
        É a condição essencial das outras quatro obrigações. de modo que nenhuma obra pode contar para o cumprimento de uma obrigação ritual se não emanar de um indivíduo que professou que “não há outro deus senão Deus (Allah)” e que “Maomé é o enviado de Deus (Allah)”
        Na Profissão de Fé é imprescindível a intenção (níyya), condição sine qua non para sua validade.
        Esta noção de níyya é consubstancial ao enunciado das obrigações canônicas e reforçado pelo hadith que diz: “Os atos valem apenas pela intenção, a cada um segundo a intenção que teve ao fazer”.
  2. – A oração (salât).
       A oração ritual deve acontecer cinco vezes por dia em lugar puro e em estado de pureza ritual. Este estado exige que depois de uma poluição menor, causada por tudo que sai do corpo se deve limpar com água o rosto, as mãos e braços, os pés, os ouvidos, além de aspirar água pelas narinas e passar a mão umedecida pela cabeça. No caso de existir uma poluição maior como menstruação, relações sexuais, parto é obrigatório um banho, no qual nenhuma parte do corpo permaneça seca. Na falta de água pode ser substituída por areia. Durante a oração as partes íntimas do corpo devem permanecer tapadas e as mulheres não cobrirão o rosto e as mãos, porém devem estar decentemente vestidas.
     Tendo escutado a chamada para a oração o mulçumano torna-se para Meca e recita de pé a prece “Allãhu Akbar”, depois la Fãtiha, ajoelha-se, torna a levantar-se, prostra-se,  senta-se, torna-se a prostrar-se, sempre recitando os versículos prescritos do Alcorão. O conjunto de posturas e recitações desde o momento de ajoelhar-se até a última prostração forma um rak`a; a oração termina com a recitação das bênçãos do Profeta (shahada) e saudações a direita e a esquerda, permanecendo sentados. Cada parte da rak`a, pode ser suplementada por recitações adicionais.
      A oração pode ser feita tanto a sós, como comunitariamente. Neste caso, os fiéis devem ser dirigidos por um imãn. As sextas-feiras é o dia consagrado pelos mulçumanos, neste dia os homens devem assistir a um serviço litúrgico nas mesquitas, sendo necessário a presença de pelo menos quarenta pessoas. As mulheres podem fazer as orações em casa. Na mesquita é lido um breve sermão em duas partes e no final o pregador reza pelas autoridades.
     As mesquitas aonde a arte islâmica chega a seu apogeu foram construídas para a prática da oração em comum. Sua única decoração consiste na caligrafia e nos arabescos. Possuem um nicho orientado para Meca e para os sermões das sextas-feiras um púlpito, às vezes há um lugar especial para as autoridades.
    No Islão se desenvolveu uma corrente mística “o sufismo”, que desenvolveu o “Recordar-se de Deus” baseando-se na prescrição corânica que diz: “Recordarás frequentemente de Deus”. Os místicos sufistas criaram litânias e fórmulas de orações que são recitadas regularmente ou em ocasiões especiais.           
     3.- A esmola ritual (zakãt).
    Depois de uma etapa de caridade livre, o Alcorão impôs certa quantidade como “esmola ritual”, o imposto religioso que devia pagar cada membro da comunidade islâmica. Esta renda se dedicava ao sustento dos pobres, ao resgate de escravos, aos gastos no serviço do culto, aos peregrinos e outros.
      No Alcorão se mencionam frequentemente salât e zakãt ao mesmo tempo, já que um é a expressão dos deveres do homem para com Deus e o outro de suas obrigações para com o próximo.
        4. – Jejum (saum).
       Durante o mês do Ramadão todo mulçumano deve abster-se de tomar alimentos e bebidas, ter relações carnais e fumar desde que amanheça,quando se pode distinguir um fio negro de outro branco, até o por do sol.      
       A refeição que após o por do sol deve iniciar-se com um pouco de água e umas azeitonas (por exemplo) é seguida pela oração da tarde, para tomar-se depois a verdadeira comida. A noite deve passar-se alegremente e pouco antes da aurora pode-se fazer uma segunda refeição. Em alguns casos, quando houver razões para tal, pode-se substituir o jejum alimentando algum pobre pelo correspondente número de dias.
     5. – Peregrinação (hajj).
      Todo muçulmano, homem o mulher, deve realizar pelo menos uma vez na vida a peregrinação a Meca. Porém, segundo a lei somente é permitido fazer a peregrinação quem tem o suficiente para viver e não deixar endividados ou na pobreza a sua família.       
       Todos os ritos da peregrinação se cumprem num território determinado. A começar pela sacralização inaugural. Consiste ela em vestir a roupa – duas peças de tecido não cosidas e sandálias igualmente sem costura – que o peregrino deve usar durante toda a celebração a partir do instante que se encontra a certa distância de Meca.
      No primeiro dia os peregrinos realizam a`umra circundando sete vezes em torno da Kaaba e beijando a pedra negra; a seguir percorrem sete vezes o caminho entre as colinas Safa e Marwá e escutam um sermão na mesquita da Kaaba; no dia seguinte visitam Mina e se detém um pouco em Muzdalifa e sobre a colina de Arafat; no dia seguinte escutam dois sermões em Mina, onde lançam sete pedras contra o “maldito Satanás”; depois do por do sol correm até Muzdalifa. No último dia da peregrinação oferecem-se ovelhas ou camelos: é o dia em que todos os mulçumanos do mundo que estão em condições de fazê-lo oferecem um animal.
     Muitos peregrinos aproveitam a oportunidade para visitar também a tumba do profeta Maomé, em Medina. Ao regressar levarão um pouco da água do poço sagrado de Zamzam ou um rosário feito com o barro de Meca.
     Os místicos espiritualizaram o hajj, e falam da importância da peregrinação interior, porém em sua maior parte também eles cumpriram com esse dever, e não uma, mas várias vezes.  

         Bibliografia
   
    Annemarie Schimmel – O Islão – História Religionum (II Vol.) – C. J, Bleeker – G. Widengren.    
    Azzedine Gueliouz – O Islão – As Grandes Religiões do Mundo – Jean Delumeau.
    Prof. Evaldo Pauli – Islamismo e Filosofia Árabe Medieval – História da Filosofia Moderna – Enciclopédia Simpózio
   Wilkipédia/Islão – Internet
   Logos – Enciclopédia Luso Brasileira de Filosofia

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